Gene ATM e o Câncer de Mama
O gene ATM desempenha um papel central no reparo de quebras de fita dupla do DNA (DSB), que podem ser induzidas por radiação ionizante, drogas de quimioterapia, estresse oxidativo, ou ocorrer durante eventos fisiológicos normais como recombinação meiótica.
Mulheres que possuem mutações patogênicas ou provavelmente patogênicas em uma das cópias do gene ATM, ou seja heterozigotas, possuem um maior risco para o desenvolvimento de câncer de mama. É uma condição herdada de forma autossômica dominante, sendo assim, tem um risco de 50% de ser passada para os filhos.
Uma meta-análise descreveu que o risco ao longo da vida para o câncer de mama é 6% aos 50 anos e 33% aos 80 anos. Outra meta-análise descreveu que mulheres com a mutação missense ATM c.7271 T> possuem um risco de 69% de desenvolver câncer de mama até os 70 anos de idade.
Não há dados sobre o benefício de mastectomia redutora de risco para mulheres portadoras de mutações patogênicas em ATM, mas pode ser considerada com base na história familiar.
Mulheres com mutações em ATM, podem ter um risco ligeiramente maior para o desenvolvimento de câncer de ovário, mas atualmente não há evidências suficientes para recomendar a salpingo-ooforectomia redutora de risco nessas pacientes.
Estudos também descrevem que os cânceres de estômago, bexiga, pâncreas e pulmão ocorrem com mais frequência em pessoas que possuem mutação em uma das cópias do gene ATM.
Síndrome Ataxia-Telangiectasia
O gene ATM está relacionado à Síndrome Ataxia telangiectasia, uma condição autossômica recessiva. Na herança recessiva autossômica ambas as cópias de um mesmo gene devem estar mutadas para que uma pessoa seja afetada. Essa condição não deve ser confundida com o que foi falado anteriormente, que é referente a pessoas que possuem mutação em apenas 1 das cópias do gene ATM.
A Síndrome Ataxia-Telangiectasia é caracterizada por ataxia cerebelar progressiva começando entre as idades de um e quatro anos, apraxia oculomotora, coreoatetose, telangiectasias da conjuntiva, imunodeficiência, infecções frequentes e um risco aumentado de malignidade, particularmente leucemia e linfoma. Indivíduos com a síndrome são excepcionalmente sensíveis à radiação ionizante.
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